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FILOSOFIA PARA CRIANÇAS NA PRÁTICA ESCOLAR

JUSTIFICATIVA

Tornar essa máxima socrática uma realidade em nossa prática pedagógica, talvez tenha sido o grande desafio que tem permeado o trabalho dos educadores de todos os tempos. Esse desafio se torna mais premente na atualidade, uma vez que a sociedade, por ver perdido seus valores principais, parece depositar na educação uma grande expectativa, transformando-a na grande responsável por reconduzir a humanidade à trilha perdida pelas investidas sofridas por tantos outros valores ao longo da sua história.

Ao mesmo tempo em que essa responsabilidade a nós atribuída serve como estímulo, ela pode servir também para gerar em nos educadores uma grande ansiedade, a qual se não for bem trabalhada, pode tornar-se perniciosa, vindo a nos comprometer não somente em nosso aspecto profissional, como também na nossa própria existência. Provavelmente isso ocorra porque ainda não nos encontremos seguros em relação ao “o que” deve ser feito “como” fazer e “para que” deve servir o nosso trabalho.

Tomando como base a filosofia socrática, que é a nossa proposta, veremos que o ponto de partida é o conhecimento de si mesmo. Isto é, faz-se necessário que saibamos qual é realmente nosso objetivo na vida, pois assim, nossas chances de alcançá-lo serão muito maiores. Daí a importância de se investir em propostas de formação que partam da análise daquilo que desperta maior interesse aos indivíduos: o que mais vale a pena na vida e que bons argumentos existem para sustentar a idéia de que essas coisas são realmente mais importantes que outras?

Sob esse aspecto é aconselhável que nós educadores aprendamos com os nossos alunos, sobretudo com as crianças, pois elas são dotadas do espírito filosófico por natureza, demonstrando curiosidade, espanto, deslumbramento diante do mundo, o que as coloca em atitude constante de busca por resposta às suas questões. Infelizmente assistimos a um sufocamento desse espírito, promovido sobretudo pelas próprias instituições educacionais que já lhes entregam respostas prontas, “verdades” que precisam apenas ser decoradas e introjetadas. Assim, a natureza do filosofar que se manifesta na criança com os seus “por quês?” é mutilada, já na infância. Daí a necessidade de se investir na “educação para o pensar”, aplicando-a primeiro aos professores que, devidamente capacitados, poderão desenvolvê-la ao longo do seu trabalho em sala-de-aula.

Foi a partir dos pressupostos apontados acima que nos sentimos motivados a apresentar o presente projeto, cuja principal proposta é investir na capacitação dos professores com a finalidade de contribuir para que os mesmos vejam recriadas as suas esperanças, o sentimento de utilidade que, às vezes, podem ter se perdido ao longo da sua carreira provocadas pelos dissabores a ela inerentes.

Para atingir tais metas propomos a série de oficinas detalhadas a seguir, as quais vislumbram trabalhar com a trilogia “ser”, “conhecer” e “agir”; oficinas que visam preparar o professor para o exercício da filosofia junto às crianças. Tais oficinas constarão de atividades totalmente práticas, nas quais pretendemos desenvolver todos os trabalhos sugeridos para a sala de aula. Propomos ainda que no início de cada encontro seja aberto um espaço para a troca de experiência em relação ao tema desenvolvido no encontro anterior e sua aplicação pelos participantes do curso ao longo da semana em seu trabalho com as crianças.

1° ATIVIDADE PROBLEMAS MISTÉRIOS E SEGREDOS

“O homem é uma espécie de intersecção entre dois mundos: o real e o ideal. Pela liberdade humana, os valores do mundo ideal podem atuar no mundo real.”

JUSTIFICATIVA:

A reflexão aprofundada de um determinado tema é uma prática que cultiva o desenvolvimento das habilidades de raciocínio. É através da discussão de temas filosóficos como a busca do sentido das nossas ações, por exemplo, que as pessoas encontram subsídios que as alicerçarão, não apenas na aquisição do saber formal, mas também na capacidade de inferir, comparar, relacionar, classificar, definir, deduzir, criticar, fazer analogias. De posse de tais habilidades o indivíduo certamente estará apto a posicionar-se melhor diante da sua existência, condição básica para que ele venha a ter uma boa qualidade de vida. Foi a partir desta perspectiva que pensamos a atividade apresentada a seguir.

OBJETIVOS:

  1. Refletir sobre o significado dos temas propostos aplicados à vida de cada um dos nossos educadores, bem como sobre as maneiras de transpor os possíveis obstáculos que surgirem.
  2. Contribuir para a compreensão de que o conhecimento que adquirimos pode ser fruto de um recorte (fragmento) de algo mais amplo, estando, portanto, sujeito às mais diversas versões, podendo variar de acordo com a visão ou interesse de quem o transmite. A partir daí, pretende-se que os professores sintam-se estimulados a questionar as verdades já cristalizadas, assumindo assim, o papel de eterno investigador (investir na construção do eros pedagógico).
  3. Possibilitar a reflexão a respeito dos temas propostos (problemas, mistérios e segredos), buscando levar à percepção das formas equivocadas com que normalmente os concebemos e dos prejuízos daí decorrentes.
  4. Discutir sobre os diversos caminhos que podemos usar afim de solucionar as questões que a vida nos coloca, bem como dos diversos instrumentos (bengalas) que lançamos mão em busca de apoio para a “travessia” dos caminhos escolhidos.

CONTEÚDO

  1. Sócrates e o “conheça-te a ti mesmo”;
  2. A fábula dos cegos e do elefante;
  3. Dinâmica: “percepção e realidade”;
  4. Dinâmica: ”as bengalas da vida“.
  5. Texto: “Cuidado com a interpretação”.

PÚBLICO

Docentes do Ensino Fundamental e Médio, Coordenadores Pedagógicos e estudantes de Pedagogia.

Duração: 4H00.

2° atividade

As sombras da vida:“O mito da caverna”

“O verdadeiro conhecimento se desenvolve por meio da passagem do mundo das sombras e aparências para o mundo das idéias e essências”.

OBJETIVOS

1- Propiciar momentos de reflexão acerca do conhecimento e da ignorância, procurando conduzir à reflexão sobre os seguintes temas

  1. quais são os elementos capazes de nos assegurar a certeza absoluta sobre aquilo que julgamos conhecer?
  2. como podemos nos tornar capazes de distinguir uma simples sombra daquilo que é, de fato, a realidade?
  3. que benefícios a capacitação para tal discernimento trará para a minha vida, tanto no nível pessoal quanto no profissional?
  4. como posso contribuir para que meus alunos busquem incessantemente sair da caverna que o estado de ignorância impõe a todos aqueles que nele se encontram?

A partir de tais reflexões esperamos sensibilizar os educadores para a grande missão a qual o filósofo Platão nos exorta: servir como elemento despertador daqueles que se deixaram quedar pelo torpor causado pela falta de conhecimento. Encontrando-se em tal situação o indivíduo se percebe sem horizontes, sem esperança, sentindo-se, como dizia Gonzaguinha, “castrado em seus sonhos”. É nosso dever enquanto educadores cuidar para que a chama da esperança se mantenha sempre acesa, sobretudo no trabalho com os pequenos, que, como todos sabemos, constitui-se na base de toda boa formação.

CONTEÚDO

  1. O Mito da Caverna de Platão;
  2. Oficina: O mundo das sombras X o mundo da realidade;
  3. Trabalho com o poema “Traduzir-se” de Ferreira Gullar;
  4. Música “Traduzir-se” de Raimundo Fagner.

PÚBLICO

Docentes do Ensino Fundamental e Médio, Coordenadores Pedagógicos e estudantes de Pedagogia.

DURAÇÃO: 4h00

3a ATIVIDADE

A LEITURA DA PALAVRA COMO INSTRUMENTO CAPACITADOR PARA A LEITURA DE MUNDO

“Ensinar exige respeito à autonomia do ser educando”.

JUSTIFICATIVA

Em contato com educadores das mais diversas esferas, percebemos que muitos deles ainda não concebem o seu trabalho como meio através do qual o seu aluno atingirá a capacidade de exercitar plenamente a sua essência humana. Essa essência consiste em, além de se conhecer, conhecer também a sociedade na qual está inserido, adquirindo assim, as condições necessárias de atuar para a melhoria daquilo que, na sua concepção, não funciona bem. Muitos dos educadores que ainda não atentaram para esse fato, concebem os conteúdos desenvolvidos em sala-de-aula como um fim em si mesmo, o que esvazia de significado seu trabalho e, conseqüentemente, torna vazia também a sua própria identidade profissional. Talvez resida aí uma das principais causas do desgaste que assistimos nos membros da nossa classe.

OBJETIVOS

  1. Incentivar os participantes à prática da inferência, como forma de aprimorar a sua prática leitora;
  2. Levar à reflexão da função da aprendizagem na vida do estudante, conduzindo ao questionamento produtivo acerca das principais razões pelas quais devemos nos dedicar ao processo de aquisição do conhecimento;
  3. Desenvolver o conceito de leitura da palavra e leitura de mundo, levando à compreensão de que a primeira é apenas o instrumento para o alcance da segunda, não podendo portanto, ser concebida como um fim em si mesma;
  4. Contribuir para a formação voltada para a prática da “Pedagogia da autonomia” preconizada por Paulo Freire, através de reflexões profundas da nossa prática, concebendo-a como instrumento de construção do ser humano na sua concepção plena.

CONTEÚDO

  1. Oficina de leitura do texto “O arquivo”, durante a qual se aplicará o exercício da inferência;
  2. Exercício coletivo para a compreensão da proposta do trabalho;
  3. Atividade com a música “Estudo Errado”; de Gabriel, o Pensador.

PÚBLICO

Docentes do Ensino Fundamental e Médio, Coordenadores Pedagógicos e estudantes de Pedagogia.

DURAÇÃO: 4h00

4º ENCONTRO

TEMA: Construir uma comunidade: O círculo

É evidente que as disposições físicas implicam mensagens. A sala de aula mais tradicional com a mesa do professor na frente e os alunos sentados em fileiras ordenadas, voltados para o professor, transmite certas mensagens relativas ao poder e à autoridade na sala. É recomendável sentar-se em círculo sempre que seja possível e apropriado. Esse arranjo físico acaba estimulando a colaboração entre as crianças, ajuda-as a se concentrarem mais no tema e permite o pleno contato visual. O círculo simboliza também a unidade da comunidade. Juntos, sentados de tal forma, como co-indagadores, professores e alunos podem iniciar a sua aventura de perguntar-se e adentrar o universo mágico da filosofia.

Atividade 1: fazer um círculo com barbante

Material: um rolo de barbante, com tamanho suficiente para construir um circulo em torno de todos os participantes.

Duração: 1h00

Atividade 2: fazer uma bola comunitária

Duração: 1h30.

Atividade 3: Dar a palavra aos outros

Numa aula tradicional é o professor que pede às crianças que usem da palavra. Na atividade que estamos propondo, partimos do princípio de que é extremamente importante que os próprios alunos dêem a palavra uns aos outros. Isso os leva a uma sensação de grande importância, fazendo com que eles se sintam realmente participantes ativos da discussão, aumentando assim seu sentimento de responsabilidade para com o grupo. Além disso, esperamos com isso contribuir para a criação de indivíduos saudáveis em sua relação com os outros, evitando as atitudes extremas de completa dominação do grupo, na medida em que alguns tendam a manipular a discussão enquanto outros ficam absolutamente alienados da mesma, por não ter oportunidade de participação.

Material:será providenciado pelo orientador

Duração total:

PÚBLICO

Docentes do Ensino Fundamental e Médio, Coordenadores Pedagógicos e estudantes de Pedagogia

5° ENCONTRO

TEMA : uma investigação inicial: o que é um lugar seguro?

Um dos elementos fundamentais que terá de estar presente na sala de aula, se vai acontecer uma indagação profunda, é a segurança em todos os níveis. Imaginemos um tripé no qual cada pé representa um tipo diferente de segurança. O primeiro pé representa um tipo de segurança que chamamos física; o segundo, a segurança emocional ou psicológica e o terceiro, a segurança intelectual. Em alguns aspectos, uma se constrói em cima da outra, mas em outros momentos elas se sobrepõem e parecem desenvolver-se simultaneamente. Se algum desses pés não estiver bem apoiado, não haverá a segurança necessária para que os mebros so grupo se sintam à vontade para participar efetivamente.

Como motivar as crianças a procurar criar um lugar intelectualmente seguro? A seguinte atividade é uma prática pautada no incentivo de dar a palavra e desenvolver habilidades de escuta, fazendo com que todos se sintam à vontade para expor suas idéias.

Atividade 1: espaço para apresentação e troca de experiência acerca das atividades desenvolvidas em sala de aula, que originaram do encontro anterior.

Duração: 30 minutos

Atividade 2: plano de discussão filosófica: o que é um lugar seguro

Duração: 1h:00.

Atividade 3: processo de investigação: participar e partilhar

Atividade 4: A filosofia circula

Duração: 1h00.

Duração total: 4h00

PÚBLICO

Docentes do Ensino Fundamental e Médio, Coordenadores Pedagógicos e estudantes de Pedagogia.

6° ENCONTRO

Tema: Nomes

O que são as coisas à nossa volta, como se definem, o que significam, quem somos nós, que significam nossos nomes, nossa experiência, nossas idéias, sensações emoções?

Ser curiosos, perguntar a si mesmo e aos outros sobre tudo o que está aí, questionar as afirmações sobre a realidade, interessar-se pelas coisas e pensar sobre elas, suspeitar do que é dito facilmente, das convenções estabelecidas. Este é a principal característica do indivíduo dotado da atitude filosófica e será este o elemento norteador deste encontro.

Atividade 1: espaço para apresentação e troca de experiência acerca das atividades desenvolvidas em sala de aula, que originaram do encontro anterior.

Duração: 30 minutos

Atividade 2: mais de um nome

Duração: 30 minutos.

Atividade 3: processo de investigação: participar e partilhar

Duração: 1h30.

Atividade 4: A filosofia circula

Duração:1h00.

Duração total: 4h00

PÚBLICO

Docentes do Ensino Fundamental e Médio, Coordenadores Pedagógicos e estudantes de Pedagogia.

6° ENCONTRO

Tema: Nomes

O que são as coisas à nossa volta, como se definem, o que significam, quem somos nós, que significam nossos nomes, nossa experiência, nossas idéias, sensações emoções?

Ser curiosos, perguntar a si mesmo e aos outros sobre tudo o que está aí, questionar as afirmações sobre a realidade, interessar-se pelas coisas e pensar sobre elas, suspeitar do que é dito facilmente, das convenções estabelecidas. Este é a principal característica do indivíduo dotado da atitude filosófica e será este o elemento norteador deste encontro.

Atividade 1: espaço para apresentação e troca de experiência acerca das atividades desenvolvidas em sala de aula, que originaram do encontro anterior.

Duração: 30 minutos

Atividade 2: mais de um nome

Duração: 30 minutos

Atividade 3: Quantos nomes você tem?

Duração: 30 minutos.

Atividade 4: O nome e o sobrenome

Duração: 1h00

Atividade 5: Arte: nomes

Duração: 30 minutos.

Material: papel sulfite para cada participante

Atividade 6: plano de discussão filosófica: o que é um nome?

Duração: 1h00.

Duração total: 4h00.

PÚBLICO

Docentes do Ensino Fundamental e Médio, Coordenadores Pedagógicos e estudantes de Pedagogia.

7° ENCONTRO

Tema: Razões

A palavra “porque” é fundamental como um marco, a indicar que uma pessoa está prestes a dar uma razão. Boa parte do fazer da filosofia resulta de pedir e dar razões. As razões formam a base da explicação e do esforço por justificarmos nossas crenças e nosso comportamento. São uma “ferramenta” crucial para se aprender a oferecer uma argumentação adequada sobre aquilo que pensamos.

A palavra “porque” é fundamental como um marco, a indicar que uma pessoa está prestes a dar uma razão. Boa parte do fazer da filosofia resulta de pedir e dar razões. As razões formam a base da explicação e do esforço por justificarmos nossas crenças e nosso comportamento. São uma “ferramenta” crucial para se aprender a oferecer uma argumentação adequada sobre aquilo que pensamos.

Atividade 1: espaço para apresentação e troca de experiência acerca das atividades desenvolvidas em sala de aula, que originaram do encontro anterior.

Atividade 1: dar razões

Duração: 1h00.

Atividade 2: O dilema do biscoito

Material: um pacote de biscoito com quantidade suficiente para todos os participantes.

Atividade 3: A caixa misteriosa

Duração: 1h00.

Duração total: 4h00

PÚBLICO

Docentes do Ensino Fundamental e Médio, Coordenadores Pedagógicos e estudantes de Pedagogia.

8° ENCONTRO

Tema: Palavras ambíguas

Ao construir nossas habilidades visando desenvolver o pensamento de ordem superior, esforçamo-nos por obter clareza. Com freqüência supomos que os demais entendem o que queremos dizer. A fim de ajudarmos as crianças a pensar com mais clareza, propomos a série de atividades a seguir, como forma de mostrar como algumas palavras em diferentes contextos podem sugerir vários sentidos.

Atividade 1: espaço para apresentação e troca de experiência acerca das atividades desenvolvidas em sala de aula, que originaram do encontro anterior.

Duração: 30 minutos

Atividade 2: o jogo dos beijinhos

Duração: 1h00.

Atividade 3: ambiguidade em contexto

Duração: 30 minutos.

Atividade 4: perguntas S

Duração: 1h00.

Atividade 5: com certeza, provável, não dá para saber

Duração: 1h00.

Duração total: 4h00

Ressaltamos que a partir da terceira oficina os participantes receberão o material teórico utilizado a fim de tornar possível a aplicação das atividades em sala de aula.

PÚBLICO

Docentes do Ensino Fundamental e Médio, Coordenadores Pedagógicos e estudantes de Pedagogia.

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