RAZÕES PARA FAZER TERAPIA, SEGUNDO JUNG
Jung, em seu livro “A Psicologia e a Alquimia” (no qual ele analisa mais de 800 sonhos de um paciente de sua clínica), faz a seguinte afirmação sobre o tratamento psicoterapêutico:
No processo analítico, isto é, no confronto dialético do consciente e do inconsciente constata-se um desenvolvimento, um progresso em direção a uma certa meta ou fim cuja natureza enigmática me ocupou durante anos a fio. Os tratamentos psíquicos podem chegar a um fim em todos os estágios possíveis do desenvolvimento, sem que por isso se tenha o sentimento de ter alcançado uma meta. Certas soluções típicas e temporárias ocorrem:
- depois que o indivíduo recebeu um bom conselho;
- depois de uma confissão mais ou menos completa;
- depois de haver reconhecido um conteúdo essencial, até então inconsciente, cuja conscientização imprime um novo impulso à sua vida e às suas atividades;
- depois de libertar-se da psique infantil após um longo trabalho efetuado;
- depois de conseguir uma nova adaptação racional a condições de vida talvez difíceis ou incomuns;
- depois do desaparecimento de sintomas dolorosos;
- depois de uma mudança positiva do destino, tais como exames, noivado, casamento, divórcio, mudança de profissão, etc;
- depois da redescoberta de pertencer a uma crença religiosa ou de uma conversão;
- depois de começar a erigir uma filosofia de vida (“filosofia”, no antigo sentido da palavra”). Se bem que a esta enumeração possam ser introduzidas diversas modificações, ela define de um modo geral as principais situações em que o processo analítico ou psicoterapêutico chega a um fim provisório, ou às vezes definitivo (JUNG, p. 18).